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Fragmentos

Fragmento do livro Dez fitas e um tornado

“O corredor é escuro e úmido, fede a mijo e merda. Para segurar o vômito que sobe fácil até a garganta, me concentro nos desenhos das poças formadas pelo esgoto que corre no chão. Dez horas da manhã, o sol bate forte na Ala Leste e vaza pelas frestas e buracos das chapas de zinco vagabundo que cobrem as grades das celas. Meus passos arrastados e os coturnos dos guardas agitam as poças e a luz refletida na água dança de um lado para o outro. Logo passaremos pela 111, cuja chapa está perfurada por 37 buracos de bala – não é lenda, já contei.”