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Fragmentos

O vício

(Antologia do Vale do Iguaçu II

Ao amar a poesia, meu coração
bipartiu-se ante a flecha inesperada
e ao morrer-me, a morte pareceu-me vida, estranho movimento da maravilhada paisagem. Cada parte de meu espírito é
Encontrável na nudez de cada frase.
Nunca me libertarei deste jugo
em que deliberadamente permaneço
em compulsório assentimento
e perpétua perseguição de palavras.
Quem buscará a chave que não desejo?

A poesia não finda nesse transformar-se De momento a momento. Persigo-a, Subjugo-a, mas ei-la livre
Em minhas mãos fazendo minha história. Ciosa desse vício de palavras

alimento-a quando dobro a página
colho-as para distribuir-me,
e com mãos invisíveis semeio as suas sementes em cada alma que as recolha
e compreenda alguma coisa de nossa
ébria cumplicidade.