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A escritora por ela mesma

Eu sou escritora, ponto. Dos guardanapos de bar aos muros da cidade, me expresso existencialmente por meio do registro das palavras. Comecei, como quase todo mundo, com poemas de amor. Mas nos períodos de desamor, me punha da mesma forma diante do papel em branco, e ali ficava, tentando entender o porque eu fazia aquilo, mesmo que por muitas vezes não saísse nada, ou pelo menos nada que "valesse a pena". Passei muito tempo no fundo das gavetas, até que o contato com a história de outras mulheres escritoras me fez acordar daquela espécie de transe que era escrever todos os dias da minha vida e mesmo assim achar que eu não era escritora. Sou escritora, ponto. Usei os zines de escada para sair do fundo das gavetas, fiz pixações poéticas, performances, fundei um Coletivo de escritores na minha cidade, participei de escritas coletivas, me aventurei no universo do SLAM, reuni outros fósseis engavetados e fui contemplada pelo prêmio Aniceto Matti para publicar o meu primeiro livro, um livro de poesias, "A última vez que duvidei de mim". Não duvido mais de mim: sou escritora, ponto. Enquanto produtora cultural, tenho buscado reunir a literatura marginal da minha cidade. Fundar espaços-tempos que comunique a nossa poética, a poética da revolução.