+

Fragmentos

Véu de Noiva

A natureza é um presente,

presente em todos os lugares

alcançados pelo homem.

 

É um presente dos céus

a beleza de uma torrente d'água

desprendida

de cento e vinte metros,

desenhando

um véu branco cristalino.

 

Embaixo,

o encontro com as pedras,

o desaguar pelos vales

a encharcar avencas,

lírios e samambaias.

 

Não fugindo à regra,

os olhos do lobo

descobrem toda essa beleza,

sonhando destruí-la

com paranóia do desenvolvimento.

 

Onde as campanhas ecológicas?

Onde os gritos de protesto?

Véu de Noiva é um paraíso,

bem no coração

da Chapada dos Guimarães. 

 

É um achado da natureza:

o solo erodido,

cavado num vale profundo,

onde as águas escorrem

do paredão rochoso.

 

Véu de noiva

toda emplumada,

branca como um cisne

em contraste com o azul do céu.

 

Misteriosa como a noite,

chamuscante como as estrelas,

nebulosa como a fumaça,

irradiante, bela e formosa:

- é a cachoeira Véu de Noiva!

 

(Poema retirado de Coletânea 2002)